A recitação diária de preces tradicionais indianas ou de canto védico traz à mente um estado contemplativo e de ligação com o Todo.

E o que é este Todo?

Independentemente das nossas opções ideológicas ou valores, cedo ou tarde, e tomara que ainda nesta vida, apercebemo-nos que a maior parte

das situações à nossa volta não dependem de nós.

Dependem sim de uma ordem, aparentemente caótica, que nos circunda e que se poderá refletir em forma de experiências ditas positivas, neutras ou negativas.

Bem sei que, para o/a leitor/a, isto pode parecer um pouco vago ou sem uma base sustentada para ser uma verdade que possa ser assimilada.

Mas, independentemente de se aperceber ou “crer” em algo maior, de certo constata que a vida se desenrola através de inúmeros momentos agradáveis, neutros ou desagradáveis.

A recitação ajuda, não no terminar de experiências desagradáveis, mas num acomodar desses momentos.

Deixa de haver um senso de rejeição do presente, ao mesmo tempo que nos abrimos a um maior entendimento e integração de todas essas experiências.

Esse processo advém de criar um espaço durante o dia para estarmos connosco sem necessitar de interagir com o mundo externo e de contemplarmos a nossa verdadeira Natureza através da recitação.

Escolhendo uma prece ou um mantra que nos tenha sido dado, por momentos, saímos dos processos mentais habituais, e entramos em contacto com o sânscrito, língua sagrada da Mãe-Índia, colocando a atenção no significado da prece ou do mantra.

Respiramos com atenção e entregamo-nos ao som.

A partir daí, e com regularidade, a mente vai habituando-se a deixar de estar na posição de agente-fazedor e de comandante e relaxa.

Nesse relaxamento, para além de estar, Sou.

Inês Ritto @Alma Dádiva